sexta-feira, 20 de julho de 2012

AMAR ERRADO


Faz mais de dois dias que estou ensaiando começar esse texto, mas não havia começado ainda porque estava pensando sobre esse título. Como pode ser considerado “errado” tão nobre gesto? Como pode se concluir um título com termo “pejorativo” quando o mesmo se inicia com o mais belo e mais sublime dos termos? Não só isso, pensei em mais uma infinidade de coisas a respeito desse fatídico titulo mas não encontrei maneira melhor de introduzir o assunto que quero tratar.

No começo dessa semana li o texto de uma grande amiga, que além de ser uma atriz sensacional é também blogueira (Loara Gonçalves - http://www.vozessurdas.blogspot.com.br) o texto “Ele voltou com a ex” que ela publicou essa semana me fez pensar sobre a incrível habilidade que tenho de deixar um sentimento me tão nobre e tão intenso, causar feridas tão profundas e de tão complicada cicatrização.

Por vezes nos apaixonamos, nos dedicamos a alguém em quem depositamos milhões de expectativas, fazemos planos, mudamos os rumos dos nossos planos e objetivos, e por N motivos esse relacionamento sucumbe, nos decepcionamos, decepcionamos alguém, choramos, sofremos, paramos para refletir sobre os motivos que causaram esse fim de relacionamento, achamos que aprendemos uma lição e, na primeira oportunidade, cometemos os mesmos erros novamente. Não necessariamente na mesma ordem, mas simplesmente fazemos tudo havíamos prometido pra nós mesmo que não faríamos.

E porque fazemos isso? Falta de amor próprio? Falta de maturidade? Ansiedade? Pode ser tudo isso, como pode não ser nada disso. Quando somos assumidamente pessoas que se doam por amor sabemos que com isso assumimos riscos, e o maior de todos os riscos é exatamente o de sofrer por esse sentimento. O amor gera um relacionamento, que não é composto por uma só pessoa, não tem como se viver a plenitude do sentimento se não há reciprocidade. E amar sem ser correspondido é o que mais machuca.

Pelos relacionamentos que já tive eu posso dizer que sofrer por amor dói muito, mas não te faz se punir mais do que quando você descobre que fez alguém sofrer sem merecer. É potencialmente complicado chegar a essa conclusão, porque geralmente enaltecemos sobremaneira o sofrimento pelo qual passamos e entramos em um processo de encontrar culpados, alguém pra quem apontar o dedo pelo simples fato de ser muito mais cômodo encontrar um culpado do que reconhecer o que fez, e assumir a culpa.

Quando descobrimos que uma pessoa sofreu por nossa causa, e associamos isso ao que já passamos quando outrem nos fez sofrer dois sentimentos se misturam dentro de nós. O primeiro é o de tirar de nós essa responsabilidade, começamos a falar: “Mas eu avisei... Ela sabia o que eu gostava, o que queria, o que pensava, e mesmo assim insistiu... Eu falei que não queria nada sério... A gente tava só ficando, eu não tinha obrigação nenhuma com ela...” e mais um monte de blá blá blá. Não quero de maneira nenhuma invalidar esses argumentos, eles são validos sim, mas superficiais. Se você não queria se envolver porque deu esperanças? Sendo sincero e falando o que pensava porque não rompeu de uma vez? Porque continuou iludindo a pessoa se não queria assumir nada? O egocentrismo e a necessidade de ter alguém nos bajulando o tempo todo muitas vezes nos faz deixar de olhar ao nosso redor, pensar só em nós mesmos e passar por cima do sentimento de pessoas que só queria nos fazer feliz.

O outro sentimento que se mistura a esse quando fazemos alguém sofrer é a culpa, e só se sente culpado quem já passou situação semelhante. Nisso a gente começa a lembrar que quando estava na “fossa” pensávamos: “Essa é a pior sensação do mundo, não quero nem que meu pior inimigo passe por isso...” aí tendo a oportunidade fazemos isso , não com nosso inimigo, mas com alguém que queria te amar e ser amado por você. Complicado né? O pior é saber que a grande maioria das pessoas nem chega a passar por essa etapa, atém-se tanto a necessidade de se eximir da culpa que deleta da memória o que já passou, como se não fosse importante, como se não valesse a pena, como se não tivesse ensinado nada.

Faz parte da natureza do ser humano amar e ser amado, é um sentimento rico, influencia direto na motivação, no bom humor, na auto estima, nos deixa leve, sorridentes, entusiasmados e felizes. Não faça mau uso do amor, tente não se permitir sofrer, e com a mesma intensidade, tente não causar sofrimento em ninguém. Sei o quanto isso é complicado porque não, não existe fórmula mágica nem receita pronta pra baixar do Google, provavelmente você terá que aprender sozinho, e é ainda mais provável que você sofra sim. Mas o único conselho que posso dar é pra você tentar usar um pouco de sensatez, por mais insensatos que sejam o amor e os assuntos do coração, faça o possível para fazer a cabeça e o coração trabalharem na mesma frequência pelo menos, isso não é garantia de nada, mas com certeza tem chances de ser menos desastroso. 

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