Faz mais de dois dias que estou ensaiando começar esse
texto, mas não havia começado ainda porque estava pensando sobre esse título. Como
pode ser considerado “errado” tão nobre gesto? Como pode se concluir um título
com termo “pejorativo” quando o mesmo se inicia com o mais belo e mais sublime
dos termos? Não só isso, pensei em mais uma infinidade de coisas a respeito
desse fatídico titulo mas não encontrei maneira melhor de introduzir o assunto
que quero tratar.
No começo dessa semana li o texto de uma grande amiga, que
além de ser uma atriz sensacional é também blogueira (Loara Gonçalves - http://www.vozessurdas.blogspot.com.br)
o texto “Ele voltou com a ex” que ela publicou essa semana me fez pensar sobre
a incrível habilidade que tenho de deixar um sentimento me tão nobre e tão
intenso, causar feridas tão profundas e de tão complicada cicatrização.
Por vezes nos apaixonamos, nos dedicamos a alguém em quem
depositamos milhões de expectativas, fazemos planos, mudamos os rumos dos
nossos planos e objetivos, e por N motivos esse relacionamento sucumbe, nos decepcionamos,
decepcionamos alguém, choramos, sofremos, paramos para refletir sobre os motivos
que causaram esse fim de relacionamento, achamos que aprendemos uma lição e, na
primeira oportunidade, cometemos os mesmos erros novamente. Não necessariamente
na mesma ordem, mas simplesmente fazemos tudo havíamos prometido pra nós mesmo
que não faríamos.
E porque fazemos isso? Falta de amor próprio? Falta de
maturidade? Ansiedade? Pode ser tudo isso, como pode não ser nada disso. Quando
somos assumidamente pessoas que se doam por amor sabemos que com isso assumimos
riscos, e o maior de todos os riscos é exatamente o de sofrer por esse
sentimento. O amor gera um relacionamento, que não é composto por uma só
pessoa, não tem como se viver a plenitude do sentimento se não há
reciprocidade. E amar sem ser correspondido é o que mais machuca.
Pelos relacionamentos que já tive eu posso dizer que sofrer
por amor dói muito, mas não te faz se punir mais do que quando você descobre
que fez alguém sofrer sem merecer. É potencialmente complicado chegar a essa
conclusão, porque geralmente enaltecemos sobremaneira o sofrimento pelo qual
passamos e entramos em um processo de encontrar culpados, alguém pra quem
apontar o dedo pelo simples fato de ser muito mais cômodo encontrar um culpado
do que reconhecer o que fez, e assumir a culpa.
Quando descobrimos que uma pessoa sofreu por nossa causa, e
associamos isso ao que já passamos quando outrem nos fez sofrer dois
sentimentos se misturam dentro de nós. O primeiro é o de tirar de nós essa
responsabilidade, começamos a falar: “Mas eu avisei... Ela sabia o que eu
gostava, o que queria, o que pensava, e mesmo assim insistiu... Eu falei que não
queria nada sério... A gente tava só ficando, eu não tinha obrigação nenhuma
com ela...” e mais um monte de blá blá blá. Não quero de maneira nenhuma
invalidar esses argumentos, eles são validos sim, mas superficiais. Se você não
queria se envolver porque deu esperanças? Sendo sincero e falando o que pensava
porque não rompeu de uma vez? Porque continuou iludindo a pessoa se não queria
assumir nada? O egocentrismo e a necessidade de ter alguém nos bajulando o
tempo todo muitas vezes nos faz deixar de olhar ao nosso redor, pensar só em
nós mesmos e passar por cima do sentimento de pessoas que só queria nos fazer
feliz.
O outro sentimento que se mistura a esse quando fazemos
alguém sofrer é a culpa, e só se sente culpado quem já passou situação
semelhante. Nisso a gente começa a lembrar que quando estava na “fossa” pensávamos:
“Essa é a pior sensação do mundo, não quero nem que meu pior inimigo passe por
isso...” aí tendo a oportunidade fazemos isso , não com nosso inimigo, mas com
alguém que queria te amar e ser amado por você. Complicado né? O pior é saber
que a grande maioria das pessoas nem chega a passar por essa etapa, atém-se
tanto a necessidade de se eximir da culpa que deleta da memória o que já passou,
como se não fosse importante, como se não valesse a pena, como se não tivesse
ensinado nada.
Faz parte da natureza do ser humano amar e ser amado, é um
sentimento rico, influencia direto na motivação, no bom humor, na auto estima,
nos deixa leve, sorridentes, entusiasmados e felizes. Não faça mau uso do amor,
tente não se permitir sofrer, e com a mesma intensidade, tente não causar
sofrimento em ninguém. Sei o quanto isso é complicado porque não, não existe
fórmula mágica nem receita pronta pra baixar do Google, provavelmente você terá
que aprender sozinho, e é ainda mais provável que você sofra sim. Mas o único conselho
que posso dar é pra você tentar usar um pouco de sensatez, por mais insensatos
que sejam o amor e os assuntos do coração, faça o possível para fazer a cabeça
e o coração trabalharem na mesma frequência pelo menos, isso não é garantia de
nada, mas com certeza tem chances de ser menos desastroso.
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