Lembro que no fim do ano passado em um dia parecido como
hoje (pouco antes do dia 30/12), eu estava na ilha de Superaguí, debaixo de uma
chuva relativamente chata, mas acompanhado de amigos especialmente importantes
pensando a respeito do ano de 2012, meu início no teatro e o quanto minha vida
tinha mudado desde então. Foi um ano em que eu tive muitos problemas, mas, ao
mesmo tempo as coisas boas acabaram compensando toda dificuldade que vivi
durante ano em questão, e fizeram com que a balança pesasse mais para o bem.
Hoje a situação é diferente em muitos aspectos. Estou em
casa, faz um calor fora do normal em Curitiba, estou feliz por ter passado dois
dias de natal extremamente felizes, gratificantes e bem aproveitados com minha
família e estou aproveitando pra fazer um balanço do que foi minha vida em 2013.
Eu não sou uma pessoa supersticiosa, mas acabei criando uma
expectativa relativamente grande para 2013 em função justamente do numero 13. É
o dia do meu aniversário, meu ultimo ano antes de fazer 30 anos, meu segundo
ano aprendendo a fazer o que amo e certamente um ano em que as coisas
começariam a tomar rumos profissionalmente falando. Confesso que criei a expectativa
de encontrar um amor também, mas esse foi mais um ano frustrado nesse aspecto
(até então).
De janeiro a abril eu vivi o teatro com uma intensidade
muito acima do normal. O começo do ano veio com muitas oportunidades. Fazer
duas peças no curso de férias do Lala, logo em seguida fazer 4 peças no
Festival de Curitiba, sendo uma delas com a direção de um dos artistas que eu
mais admiro desde a primeira vez que o vi no palco. Eu mergulhei de cabeça e as
pessoas que estiveram ao meu lado durante esses processos viram o quanto eu
queria fazer, o quanto me alegrava fazer aquilo, mas isso exigi de mim mais do
que eu podia dar estando trabalhando em outra empresa, e as dificuldades para
conciliar logo apareceram, e a minha ascensão no teatro se deu com a mesma
velocidade com que comecei a ter dificuldades em meu outro ofício. E durante
esse período veio minha primeira desilusão no sentido amoroso, na tentativa de
retomar as investidas em um amor praticamente platônico que eu desenvolvi em
2012 eu acabei me machucando com as negativas, acabei me envolvendo com uma
outra pessoa que ainda tinha uma situação não resolvida e eu acabei saindo dela
antes de acabar complicando a minha vida e a dela.
Maio chegou cheio de surpresas, e elas se estenderam até
agosto, acabei me aproximando de uma pessoa que eu já conhecia de vista, e de
maneira relativamente inesperada começamos a nos envolver, começamos a namorar
inclusive, mas o relacionamento acabou não tendo longevidade maior que 3 meses
porque ambos tínhamos problemas sérios com o tempo disponível para empenhar um
pelo outro, as necessidades profissionais de ambos acabou falando mais alto.
Falta de amor? Não sei se foi isso,poderíamos ter tentado mais um pouco, mas eu
acredito que as coisas acontecem como tem que acontecer, nada dura mais que o
suficiente para se tornar inesquecível. Paralelo a isso minha vida no teatro
continuou em franco desenvolvimento, algumas das peças que eu havia feito
continuaram em cartaz, logo eu comecei a ser dirigido por um dos diretores mais
brilhantes que estão no Teatro Lala hoje ( em duas peças diferentes) e também
fui convidado a fazer parte do elenco de uma peça que sou fã há muitos anos,
outro sonho realizado. Desde o começo do ano com a minha família as coisas
permaneceram bem parecidas, com os mesmo problemas, as mesmas coisas boas, as
mesmas pessoas com quem eu sempre pude e continuo podendo contar, e com a mesma
distância de alguns. Mas durante esse
período tive que tomar uma decisão bem importante, o trabalho em uma das peças
do teatro começou a exigir um tempo um pouco maior de mim e precisei sair da empresa
onde estava para me dedicar somente ao teatro (o que foi ótimo por um lado, mas
financeiramente desastroso).
Eis que chegou o último quadrimestre do ano, mais uma vez as
coisas aconteceram de forma absolutamente fantásticas em relação ao teatro,
comecei um processo com outro diretor absolutamente genial, que me proporcionou
um trabalho que mexeu com minha vida em muitos sentidos, ao mesmo tempo em que
fui convidado para fazer parte de uma outra peça, que tem me feito aprender
muito sobre comédia, que me fez conhecer pessoas maravilhosas, amigos sinceros,
pessoas a quem admirar e outras a quem amar. Permaneci com dedicação exclusiva
ao teatro, o que continuou sendo um lindo sonho realizado, mas financeiramente
inviável. Algumas contas atrasadas, a impossibilidade financeira de se quer dar
um presente de natal para minha mãe, minha avó e minha irmã por exemplo, falta
de condições de fazer um passeio, uma viagem ou qualquer coisa assim, e por
mais superfulo que isso possa parecer para muitos, para alguém que tem a
família em primeiro lugar como eu, isso me fez sofrer bastante. Eu sou o tipo
de pessoa que se regozija ao ver o sorriso de alguém que ama acompanhado de um
abraço e palavras de agradecimento mediante simples gestos.
Mas eu fiz uma coisa muito errada esse ano, eu passei muito
mais tempo enfatizando os problemas que eu tive do que reconhecendo as coisas
boas que me aconteceram, e isso me fez passar o ano de 2013 chorando muito mais
do que sorrindo. É claro que eu esperava que esse ano me trouxesse plenitude de
realizações, afinal é uma lei universal que colhamos tudo que plantarmos, mas
isso não aconteceu, as coisas maravilhosas que me aconteceram profissionalmente
não me trouxeram condições mínimas se quer para sobreviver dos meus próprios
rendimentos, e a expectativa de alguns de que eu fizesse de graça um trabalho
para o qual eu estudei muito para saber fazer bem me frustrou ainda mais, me
fez deixar de admirar e de acreditar em alguns e logicamente me fez rever
conceitos e prioridades.
Esse último semestre também trouxe surpresas para o meu
coração, passar a admirar alguém e querer muito esse alguém acabou me fazendo
parar pra pensar em coisas que eu estava fazendo que estavam me deixando
amargo. Eu sei que tenho problemas, e que muitos deles não vão se resolver de
hoje pra’manhã, mas eles não podem fazer
eu deixar de ver e reconhecer as coisas boas que acontecem comigo dia após dia
comigo, não podem tirar o brilho dos meus olhos nem a minha vontade de sorrir,
e é sempre quando estamos com o coração inflamado que começamos a perceber
essas coisas.
Eu tenho um lado muito racional, e esse lado passou o ano
inteiro me cobrando, me dizendo que eu fiz escolhas erradas, que eu plantei
sementes boas em terra ruim, que eu fiz demais por quem não estava disposto a
retribuir na mesma medida. Isso pode até fazer sentido, mas eu nunca começo a
fazer algo pensando só na recompensa que eu posso eventualmente receber, e
mesmo que eu não seja recompensado ou que o retorno pareça injusto de certa
forma, eu sei que vou poder deitar minha cabeça no travesseiro com a consciência
limpa, sabendo que fiz a coisa certa.
E 2014? Bem... diferente do último réveillon eu não vou me
prometer nada, também não vou criar grandes expectativas. Vou apenas fazer de
tudo para que eu continue plantando sementes boas, escolher melhor as terras
onde plantá-las, e torcer para que meu coração possa enfim conseguir amar e ser
amado como ele precisa.
A vocês que me concederam a honra de acompanhar meus textos
e, cada um do seu jeito, estiveram comigo, eu deixo aqui meu muito obrigado. De
todo meu coração! Saber que dividir o que penso e sinto com vocês pôde ter sido
útil de qualquer forma me faz um ser humano mais feliz. Se alguém quiser
dividir isso comigo saiba que sou todo ouvidos.
Que 2014 traga muito amor e muitas realizações a vocês, que
vocês nunca deixem de acreditar no amor de verdade. Ele existe, não tenha medo
de se entregar, nem de se envolver, o que você sofreu no seu passado não vai te
impedir de ser feliz hoje se você assim desejar. Feliz ano novo!