Dizem que os olhos são o espelho da alma, o que podemos
enxergar ao olhar nos olhos de alguém? E se gostamos desse alguém? Uma troca de
olhares pode mostrar nossas vulnerabilidades? Eu acho que o olhar é uma das
ferramentas mais interessantes que temos a nosso favor. Ele tem a singular
capacidade de dizer muito sem pronunciar uma palavra sequer. Sente e se faz
sentir.
Quantas vezes já ouvimos ou até mesmo pronunciamos frases
como: “olhe nos meus olhos e sinta...”,”seu olhar me diz..”,” seus olhos me
mostram...” e tantas outras... todas demonstrando sensações e eu posso dizer
que as sinto, nunca tive problema algum em demonstrar o que sinto, mesmo sabem
que existem seres humanos que se aproveitam do que sabem a nosso respeito para
nos fazerem mau, eu não costumo esconder meus sentimentos.
Quando olhei nos seus olhos: senti pulsos quase frenéticos de
milhões de palavras que queriam sair pelos meus lábios e lhe dizer tudo que eu
estava sentindo ali, olhando nos seus olhos. Eu era capaz de sentir seus
batimentos cardíacos através da sua íris, e com isso sentia que havia
reciprocidade, havia uma troca de afeto, carinho, respeito e lealdade que está
acima de qualquer formalidade ou convenção que precisemos obedecer nesse
momento a fim de manter vivo determinados princípios que nos serão úteis para a
vida toda que temos pela frente. Seus olhos podiam me mostrar com clareza a
alegria de um reencontro quase que ao acaso, nada planejado, mas aproveitado de
uma maneira que só nós entendemos o quanto foi bom.
Quando toquei suas mãos: eu não tinha a capacidade de dizer
com clareza qual a temperatura em que ela se encontrava, mas eu posso jurar que
senti como se os nossos sentidos mais primitivos quisessem que aquelas mãos se entrelaçassem
e assim permanecessem até que o ar nos faltasse. Um despretensioso acompanhando
o que dizíamos volta e meia fazia com que nossas mãos se tocassem, e
tocando-se, novamente eu podia sentir pela ponta dos seus dedos o calor do seu
coração irradiando e pedindo o carinho, o gesto, a ação ou qualquer outra coisa
que a fizesse perceber que eu também queria exatamente o que você quer.
Quando te abracei: Por alguns segundos eu pude fechar os
olhos e nos imaginar em um lugar completamente diferente, singular e nosso,
onde aquele abraço pudesse continuar sem nenhum tipo de preocupação com o
tempo, com as pessoas ao redor, com o movimento das estrelas ou com a
possibilidade de chuva, fechando os olhos e sentindo o seu coração perto do meu
eu vi que nossos batimentos cardíacos quase que sincronizaram em um pulso
descompassado, forte, quente, vibrante e apaixonado, como se eles aguardassem
por aquele momento muito antes de nos conhecermos, como se eles quisessem ser
um do outro desde o dia em que imaginaram a possibilidade de nos conhecermos.
Quando meus lábios tocaram os seus: foi como se o mundo
tivesse parado de girar, como se nada ao nosso redor importasse, tive a
sensação de olhar ao redor e não enxergar uma viva alma sequer, uma sensação de
liberdade, de libertar um sentimento nobre que muitas vezes prendemos porque
temos medo que estejamos criando um monstro que vai acabar nos devorando. Mas
sim, nesse momento eu senti que tudo que valia pena estava ali, diante de mim,
diante dos meus lábios que a queriam.
Quando te dei tchau: tentei não olhar pra traz, porque eu
queria sair dali com essa sensação, e eu sabia que se olhasse pra traz voltaria
correndo, a faria parar, eu te abraçaria, te beijaria novamente como se não
houvesse amanha e a faria pagar mico no meio da praça... mas eu não olhei pra
traz, e fiquei com a deliciosa sensação de “quero mais”.