terça-feira, 17 de junho de 2014

Sobre chegar aos 30 anos...

Eu achei que fosse esboçar algum tipo de desconforto ou sensação de que o pleno da juventude foi perdida. Estava ligeiramente enganado!
Engraçado como aumentou a sensação de que as coisas passaram a ficar ainda melhor. Pode parecer besteira eu sei, mas eu tive uma sensação tão boa desde o dia do meu aniversario que fica até difícil externar em palavras. Mesmo assim vou tentar.

Sinto de que alguma coisa melhorou muito em mim, a maturidade principalmente, não que nós dependamos de idade para nos tornarmos pessoas maduras, mas é muito intensa a sensação de que passei a viver um momento em minha vida em que as coisas vão acontecer com mais eloquência e menos alienação do que estavam até então.

Passei anos da minha vida sendo julgado por ser muito sonhador e não tiro parte da razão desses que o fizeram, pena que isso aconteceu na mesma intensidade com que algumas pessoas se afastaram de mim, e não tiveram a oportunidade de avaliar os motivos dos meus sonhos e nem os propósitos da minha busca.

Passei boa parte dos meus primeiros 30 anos tentando me inserir em grupos, tribos e todo tipo de aglomerado com o único objetivo de me fazer aceito, erroneamente eu queria me fazer aceito por todos, sem distinção. Demorou pra perceber que isso sim era uma besteira, mas como julgar um jovem que aos 11 anos começa a tentar desbravar o mundo sem quase nada de orientação e ainda menos experiência de vida? Sim, porque desde essa época eu já achava que faria coisas grandes, que deixaria minha marca no mundo, mas eu não tinha a menor ideia do que e como fazer.

A busca pelo conhecimento, acompanhada da minha semi-infinita curiosidade, abriu meus olhos e minha mente, me fez descobrir o quanto é divertido e interessante olhar sob diferentes perspectivas o mesmo horizonte, que mudando o ângulo, prisma ou seja lá como quiser chamar, descobrimos coisas novas, ocultas, diferentes e inusitadas.

Li obras de muitos filósofos que me provocou reflexões um tanto conclusivas, diziam que o conhecimento liberta, que a cultura é que faz o ser humano verdadeiramente livre, e confesso que acreditei nisso sem questionar por algum tempo, hoje já discordo parcialmente disso. A partir do momento em que adquirimos conhecimento, o mesmo passa a nos abrir os olhos, começamos a enxergar que vivemos em uma sociedade onde o “monstro sist.” (como Raul Seixas gostava de chamar) nos impõe todo tipo de padrão e condicionamento, no tocante a tudo. Consumo, subsistência, sobrevivência, atitudes e até decisões, sim, até as decisões (sejam elas tomadas por conservadores ou pelos mais revoltadinhos) hoje em dia são completamente previsíveis, baseadas naquilo que o sistema quer que pensemos. E quanto maior a bagagem cultural que venho adquirindo, mais me sinto aprisionado, também me sinto culpado por nunca ter tomado nenhuma atitude de fato importante pra mudar isso. Quem sabe meu ponto de vista mude com o tempo, mas hoje me sinto assim, quanto mais conheço, menos sei, por algumas vezes até cheguei a fazer questionamentos do tipo, “a ignorância não seria uma benção?” Mas me convenci pelas forças das circunstancias de que isso sim era um erro.

Passei muito tempo incompreendido, me senti excluído porque não conseguia encontrar pessoas que se quer quisessem discorrer sobre esse tipo de assunto comigo (esse abordado no paragrafo anterior), e como qualquer outro cordeirinho me calei, omiti meus pensamentos e ideias.

Encontrei nos palcos de teatro uma ferramenta bem forte para dizer o que penso, mas, para minha previsível constatação, até o teatro hoje é corrompido pelo sistema. Se você não faz espetáculos fracos, de linguagem simplista, que façam as pessoas simplesmente rirem sem pensar muito (ou quase nada) você passa fome, não ganha o suficiente nem pra sobreviver dignamente. Temos leis de incentivo, mas nem tão eficientes assim, ela nem é possível de ser aplicada a todos os que de fato merecem, temos uma iniciativa privada que, tem vontade de incentivar a arte, mas essas empresas estão em um país de economia instável, o que não permite um planejamento em que se possa contar com um investimento em arte, que não retorna nada a não ser o bem maior feito pelo enriquecimento da cultura. Essas coisas realmente complicam as vidas nos palcos, mas quando tenho a oportunidade de fazer arte pura e simplesmente por amor, ai eu tento de alguma forma por pra fora todo amor que sinto, toda vontade que tenho de fazer algo grande, e realmente quero fazer coisas grandes, deixar minha marquinha no mundo, ser lembrado.

30 anos, puxa vida! Chegar a essa idade pensando que você ainda está em um processo de reconstrução de vida (especialmente financeira) me trás dois sentimentos ao mesmo tempo. O primeiro deles é o alívio, de que realmente aprendi alguma coisa durante as últimas 3 décadas, que será útil na estrada que se apresenta, que me fará tomar decisões mais equilibradas, e principalmente, me fará permanecer sereno, mesmo que eu me depare com situações semelhantes as piores que já vivi. O outro sentimento é uma certa frustração, é, sou um homem parcialmente frustrado (não, não estou depressivo, nem pessimista demais, estou sendo realista sob uma sinceridade muito difícil de assumir), a origem principal dessa frustração eu encontro no mesmo lugar para onde olho e encontro as coisas boas que aconteceram em minha vida, confuso né? Eu sei, mas é exatamente isso. As vitórias e as derrotas que tive fazem parte de uma coisa só, da minha vida. Os grades e inesquecíveis feitos sempre aconteceram em datas tão próximas que as vezes até me confundo quanto a exatidão da época. Se isso é bom ou ruim? Sinceramente não sei, as vezes eu acho que não, porque nunca tive muito tempo de digerir todas as informações de um fato importante quando em pouquíssimo tempo já aconteceu outro.

 Um exemplo disso foi em 1995, meu avô faleceu no inicio do ano, e no mesmo ano eu comecei a trabalhar (sim, aos 11 anos). Eu ainda não tinha assimilado direito a ideia de que um dos três pilares de sustentação da minha vida tinha acabado de falecer e já comecei minha vida profissional. Sair de casa 3 anos depois que comecei a trabalhar também foi uma coisa de fato importante na minha vida, que aconteceu de maneira muito precoce, não soa tão estranho falar que saiu de casa 3 anos depois de começar a trabalhar, mas quando isso acontece aos 14 anos de idade, aí sim dá pra ter ideia do tamanho da encrenca em que eu estava me enfiando.

Assim seguiu minha vida, coisas muito boas e muito ruins acontecendo praticamente ao mesmo tempo. O lado bom disso é que constantemente fui “forçado” a provar minha capacidade de resiliência, tive que aprender as coisas rapidamente, me adaptar rapidamente, fazer rapidamente. Nem sempre consegui fazer com qualidade, mas sim, sempre fiz. Não sou o tipo de pessoa que simplesmente cruza os braços, de alguma forma sempre tento ser participativo, sou dos que põe a mão na massa.

Quanto as decisões, não sei dizer se tomei mais decisões certas ou erradas, mas sou capaz de dizer com abundância de detalhes qual a consequência que teve em minha vida cada uma das decisões que tomei. Tomei muitas decisões erradas, perdi dinheiro, perdi amigos, afastei pessoas de mim (algumas de propósito mesmo), desanimei, perdi a esperança algumas vezes, mas mesmo sem esperança nunca deixei de tentar concertar as coisas. Também cometi o mesmo erro 2, 3 até 4 vezes, sei lá, eu já errei muito na minha vida. 

Assumir isso não vai me impedir de errar mais, só vai me deixar mais lúcido quando eu pensar em fazer algo.
Também fiz muitas coisas boas já. Ajudei pessoas, já consegui devolver a esperança para algumas pessoas apenas com uma conversa, já ajudei famílias de presidiários, já visitei doentes terminais tentando fazer essas pessoas rirem um pouco só que seja, já tirei roupa do corpo para dar a alguém que passava frio, já promovi funcionários que estiveram em minhas equipes (já demiti pessoas também, o que é muito difícil de fazer por sinal), ajudei pessoas que estavam iniciando suas vidas profissionais a se tornarem profissionais bem sucedidos (e alguns estão bem melhores do que eu inclusive, tiveram menos escolhas erradas e cresceram mais rápido, e eu sou absolutamente feliz em vê-los assim), trabalhei em grandes multinacionais, em empresas pequenas, familiares, promissoras, decadentes, sim já mudei bastante de emprego e hoje em dia não me preocupo mais se isso é bom ou ruim para o meu currículo, sinto muito orgulho quando olho pra traz e vejo o tanto que já caminhei.

Não, não tenho a sensação de que já andei mais do que ainda vou andar. Pelo contrário, me faz um bem inenarrável perceber a quantidade de coisas que já aconteceram comigo e, independente do tamanho em que esteja o meu “castelo” sei que os fundamentos dele estão muito bem feitos, a direção para onde continuarei minha construção também pouco importa. Minha vida tem sido repleta de acontecimentos e é exatamente assim que eu quero que continue, tenho me permitido viver, e continuarei. É claro que tentando construir uma vida mais estável, até porque eu quero (e muito) ser pai, quero ter minha família, minha esposa, meus filhos, meu apartamento e um cachorro, quero viver dignamente para poder dar a minha família o acesso a educação de qualidade, de maneira que, se possível, um pouco mais cedo do que eu, eles aprendam a pensar por si próprios, aprendam a tomar suas decisões, aprendam com tudo que acontecer em suas vidas, e a vivam plenamente.

Pra concluir, chego aos 30 anos com uma boa pitada de saudosismo, sou profundamente grato pela vida que vivi até aqui. O que esperar dos próximos 30? Não sei, quero simplesmente viver. Viver plenamente, viver amplamente, viver apaixonadamente, fazer algo de bom pra mim, para minha família, para a sociedade a qual pertenço, para o mundo. Projetos? Sim, tenho alguns. Estou estudando  com o objetivo de passar em algum concurso público, espero conseguir voltar para a universidade em 2015, dessa vez para estudar psicologia, e se tudo caminhar como tem caminhado vou procurar dar alguns passos adiante em meu relacionamento, até porque (como já disse anteriormente) pretendo ter minha família, e tenho visto nesse meu relacionamento atual chances reais disso acontecer, porque não é só amor envolvido, é tudo. É a sensação de que tenho convivido com uma pessoa absolutamente humana, que assim como eu erra, acerta, ama a arte, estuda, adora fazer coisas novas e experimentar a vida, e tudo isso sem uma pessoa absolutamente madura e responsável.


Se você leu meu texto, muito obrigado, de coração! Se quiser dizer algo pra mim sinta-se a vontade. Elogie, critique, concorde, discorde, diga se você se identificou com algo, se mexeu com você, se não fez nada, se achou uma porcaria... fique a vontade, e muito obrigado novamente. Que venham mais 30 anos para que possam ser simplesmente vividos.

quarta-feira, 19 de março de 2014

O Sabor... O Doce Sabor.

No começo desse ano eu escrevi, tanto aqui no blog quanto no meu facebook sobre coisas boas que vem acontecendo em minha vida, e as coisas tem se apresentado assim desde então. É realmente maravilhoso estar passando por tantas coisas boas como tem sido, mas confesso que quando estou triste ou chateado com alguma coisa me inspiro mais pra escrever. A tristeza me faz reclamar, e quando eu estou reclamando sou muito mais habilidoso com as palavras do que quando estou feliz, tudo isso por um simples motivo. Quando estou feliz quero apenas viver, desfrutar o momento em sua plenitude, sem necessariamente ficar fazendo grandes análises sobre o que tem acontecido, quero apenas aproveitar tal momento e estendê-lo tanto quanto conseguir.

Mas no meio disso tudo eu acabo ficando com saudades de escrever, especialmente quando recebo mensagens carinhosas das pessoas perguntando por que não tenho postado nada. É uma alegria impar saber que dividir as coisas que acontecem em minha vida causa algo de bom em outras pessoas, por isso cá estou buscando inspiração nas coisas boas que tenho vivido.

Tenho visto coisas e vivido outras que eu sinceramente desejo que todas as pessoas ainda tenham a chance de viver. Tá certo que quando nosso coração está amando, fica muito mais fácil enxergar o colorido do mundo, mas hoje foi um dia que, há instantes atrás quando eu voltava pra casa, pensando sobre isso (no quanto ficamos bobos e afloramos até uma certa inocência quando nos apaixonamos), me dei conta do quanto nossa vida melhora quando optamos por olhar, até mesmo as coisas ruins, por um ponto de vista mais leve.

Passamos tanto tempo preocupados com o que vamos vestir, o que comer, como falar, como fazer, pra que fazer que muitas vezes deixamos passar completamente desapercebidas as coisas simples e belas da vida. E amar, não é só estar envolvido afetivamente com alguém, nós podemos amar nosso trabalho, nossas conquistas, nossos tropeços, nossos pulos e até nossas cagadas, porque é só quando amamos que conseguimos ter sensibilidade o suficiente para perceber que em meio ao caos que vivemos existem coisas boas.

Eu lembro que a única promessa que fiz a mim mesmo quando começou o ano foi que esse ano eu agiria diferente, seria menos critico comigo mesmo, e isso independente de situação financeira, de estabilidade ou não na vida profissional, independente se em casa as coisas iriam bem ou não, independente se eu começaria a gostar de alguém ao ponto de querer iniciar um namoro ou não, tudo isso porque existem coisas realmente importantes e valiosas que merecem nossa atenção, que estão acima de bens, dinheiro ou pessoas.

Confesso que me irrito um pouco com aqueles filósofos de frases de para-choques de caminhão, que falam que seu coração não tem apego as coisas desse mundo porque valorizam algo maior. Algo que eles mesmos não sabem o que é! Rebeldes sem causa são uma doença na sociedade, e o antídoto é a educação.  Quantas vezes você já parou pra pensar (de verdade) naquilo que realmente importa pra você? A que conclusão chegou? Difícil responder não é?

Recentemente tive a oportunidade de passar um bom tempo meditando sobre isso e a única conclusão que cheguei é a de que eu já mudei minhas prioridades algumas dezenas de vezes ao longo dos meus quase 30 anos. Houve o momento em que estudar era minha única preocupação, outro momento em que aprender a beijar era o que eu mais queria, ai veio a preocupação com o trabalho, e ser um bom profissional passou a ser minha obcessão. E sem hipocrisia, sim eu assumo que a busca por coisas materiais já esteve acima da busca por coisas de valor não mensurável. Sim eu já priorizei mais o trabalho do que a família, eu já priorizei mais um relacionamento do que a minha própria vida, eu já olhei só para o meu umbigo e esqueci que existe um mundo ao meu redor. Não vejo problema algum e até me orgulho de saber que hoje eu tenho plena consciência de que quando eu quero algo a minha dedicação é integral, a diferença é que hoje eu tento ser mais equilibrado justamente por ter desenvolvido certa consciência.

E sabe que eu acredito ser esse o segredo de eu estar saboreando com tanto entusiasmo a minha vida esse ano. A empresa onde eu trabalho tem problemas como qualquer outro lugar teria, mas eu amo trabalhar lá, conheci novos amigos, bons profissionais com quem tenho aprendido e tenho visto meu trabalho dar frutos. Eu amo o teatro ainda mais! Tive experiências absolutamente incríveis nesse inicio de 2014 e tenho certeza que vou aprender ainda mais sobre a arte em mim para poder fazer melhor o que tanto amo, que é estar no palco. Pela minha família eu tenho, e sempre vou ter um amor incondicional tendo ela muitos, poucos ou nenhum problema. E além disso eu ainda tive a sorte de conhecer uma pessoa que, da maneira mais simples, singela e sincera tem feito meu coração bater forte. Uma pessoa linda, meiga, simples, serena, está sempre com um baita sorriso estampado no rosto, de bem com a vida, tem problemas e defeitos como qualquer um, mas é uma pessoa que me faz querer estar ao seu lado tanto tempo quanto eu conseguir, me faz querer acordar todos os dias, olhar em seus olhos e dizer: “eu te amo hoje mais que ontem” e passar boa parte do meu dia pensando no que posso fazer de diferente para que ao final do dia nos amemos ainda mais (se é que é possível). Pode chamar de piegas, de babão, do que quiser, mas sim, estou sentindo tudo isso e não estou nem um pouco afim de lutar contra isso, pode ser que um dia eu me machuque, me arrependa e bla bla bla,mas agora, nesse momento, quero viver isso da melhor maneira possível, amando e sendo amado com carinho, lealdade, dedicação e sinceridade.


Então, pra quem queria saber por onde anda o romântico, ele está aqui, amando, sendo amado, feliz e vivendo sua vida com muita alegria e entusiasmo. Tente parar de olhar só o lado ruim das coisas, veja as chances que sua vida tem lhe dado, até porque, eu não conheço (e acredito que você também não) nenhum pessimista bem sucedido. O otimismo faz você encontrar forças até quando você achar que ela já se esgotou. 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Sensações

Dizem que os olhos são o espelho da alma, o que podemos enxergar ao olhar nos olhos de alguém? E se gostamos desse alguém? Uma troca de olhares pode mostrar nossas vulnerabilidades? Eu acho que o olhar é uma das ferramentas mais interessantes que temos a nosso favor. Ele tem a singular capacidade de dizer muito sem pronunciar uma palavra sequer. Sente e se faz sentir.

Quantas vezes já ouvimos ou até mesmo pronunciamos frases como: “olhe nos meus olhos e sinta...”,”seu olhar me diz..”,” seus olhos me mostram...” e tantas outras... todas demonstrando sensações e eu posso dizer que as sinto, nunca tive problema algum em demonstrar o que sinto, mesmo sabem que existem seres humanos que se aproveitam do que sabem a nosso respeito para nos fazerem mau, eu não costumo esconder meus sentimentos.

Quando olhei nos seus olhos: senti pulsos quase frenéticos de milhões de palavras que queriam sair pelos meus lábios e lhe dizer tudo que eu estava sentindo ali, olhando nos seus olhos. Eu era capaz de sentir seus batimentos cardíacos através da sua íris, e com isso sentia que havia reciprocidade, havia uma troca de afeto, carinho, respeito e lealdade que está acima de qualquer formalidade ou convenção que precisemos obedecer nesse momento a fim de manter vivo determinados princípios que nos serão úteis para a vida toda que temos pela frente. Seus olhos podiam me mostrar com clareza a alegria de um reencontro quase que ao acaso, nada planejado, mas aproveitado de uma maneira que só nós entendemos o quanto foi bom.

Quando toquei suas mãos: eu não tinha a capacidade de dizer com clareza qual a temperatura em que ela se encontrava, mas eu posso jurar que senti como se os nossos sentidos mais primitivos quisessem que aquelas mãos se entrelaçassem e assim permanecessem até que o ar nos faltasse. Um despretensioso acompanhando o que dizíamos volta e meia fazia com que nossas mãos se tocassem, e tocando-se, novamente eu podia sentir pela ponta dos seus dedos o calor do seu coração irradiando e pedindo o carinho, o gesto, a ação ou qualquer outra coisa que a fizesse perceber que eu também queria exatamente o que você quer.

Quando te abracei: Por alguns segundos eu pude fechar os olhos e nos imaginar em um lugar completamente diferente, singular e nosso, onde aquele abraço pudesse continuar sem nenhum tipo de preocupação com o tempo, com as pessoas ao redor, com o movimento das estrelas ou com a possibilidade de chuva, fechando os olhos e sentindo o seu coração perto do meu eu vi que nossos batimentos cardíacos quase que sincronizaram em um pulso descompassado, forte, quente, vibrante e apaixonado, como se eles aguardassem por aquele momento muito antes de nos conhecermos, como se eles quisessem ser um do outro desde o dia em que imaginaram a possibilidade de nos conhecermos.

Quando meus lábios tocaram os seus: foi como se o mundo tivesse parado de girar, como se nada ao nosso redor importasse, tive a sensação de olhar ao redor e não enxergar uma viva alma sequer, uma sensação de liberdade, de libertar um sentimento nobre que muitas vezes prendemos porque temos medo que estejamos criando um monstro que vai acabar nos devorando. Mas sim, nesse momento eu senti que tudo que valia pena estava ali, diante de mim, diante dos meus lábios que a queriam.


Quando te dei tchau: tentei não olhar pra traz, porque eu queria sair dali com essa sensação, e eu sabia que se olhasse pra traz voltaria correndo, a faria parar, eu te abraçaria, te beijaria novamente como se não houvesse amanha e a faria pagar mico no meio da praça... mas eu não olhei pra traz, e fiquei com a deliciosa sensação de “quero mais”.